Diretor Executivo da Cosin Consulting
thought leadership

Agilidade e inovação: O que isso tem a ver com a volta presencial aos trabalhos?

Ainda que a pandemia tenha mexido com as estruturas corporativas no Brasil, grandes empresas precisam reinventar seus métodos de trabalho – é necessário refletir sobre modelos de gestão diferentes e que carreguem a atitude em seu DNA.

Ouvimos muito sobre o modelo híbrido de trabalho, mas ainda assim, não há muitas alusões sobre esse tipo de formato, já que as empresas precisam conectar pessoas – independente da sua estrutura. Na realidade as empresas não definiram nada ainda e tudo parece uma surpresa no mercado, e não deveríamos ser surpreendidos novamente.

Pesquisa da dentsu nos EUA mostra que entre os funcionários em tempo integral que antes trabalhavam no escritório e se transferiram para trabalhar em casa durante a pandemia, 74% retornarão idealmente para o local de trabalho por menos de 5 dias por semana.

Sem dúvidas que hoje vemos com muita clareza que o principal ponto positivo nas corporações é que não é preciso que as equipes estejam no mesmo espaço físico para fazer as coisas acontecerem – isso permite unir pessoas de diversos locais por todo o mundo.

No formato online, o mundo é plano. Quando falamos de custos, você pode, por exemplo, manter um call center funcionando na Índia. A partir disso, o fator geográfico pode orientar o modelo de gestão, sem nenhum tipo de impedimento e com foco na redução de orçamento.

Por outro lado, existem pontos importantes que devem ser levados em conta. Quando você faz uma call com seu filho no colo, existe a possibilidade da sua privacidade ser compartilhada em grupos corporativos, por exemplo.

E então, como o RH faz para controlar e inovar nesse sentido?

É por esse motivo que reafirmo, o modelo de trabalho ainda não está bem definido.

Assim, surge a dúvida, como é possível otimizar processos e/ou burocracias dentro de uma grande empresa como ocorre dentro das startups? Nesse caso, a questão é a natureza da empresa e não o seu tamanho em si. Não faz sentido achar que uma estrutura já estabelecida trabalhará como uma startup. Por outro lado, inovações podem ser pensadas de uma maneira diferente.

Assisti há uns 2 anos em um Fórum de Logística, como a Natura teve que adaptar suas regras de negócio e processos internos para acomodar iniciativas de inovação logística. Havia questões desde o tempo para a geração de um contrato até a aprovação de investimento para a startup parceira sobreviver ao tempo necessário de construir sua solução.

Por exemplo:
Um contrato não poderia ter 10 páginas e demorar semanas para ser assinado para começo de um trabalho. Não fazia sentido no mundo das startups. Nem querer que a startup bancasse seus próprios investimentos por meses para servir a uma grande corporação.

Sem fôlego financeiro, a inovação poderia não chegar a existir. Esses foram temas que a Natura teve que lidar internamente pelo que foi exposto na apresentação. Independente do porte, o maior desafio das empresas é a transformação cultural para que todas as mudanças sejam positivas.

Nas grandes instituições os projetos são de longo prazo, com uma revisão e criação de novos processos que muitas vezes funcionam em paralelo, já nas pequenas empresas, os processos são dinâmicos. Tudo depende, quase exclusivamente, da dor que cada corporação tem – mesmo que ambas estejam com o olhar focado para a produtividade.

Vale lembrar que a transformação é um processo vital para as empresas, já que a sociedade também muda seu pensamento e tendências. Mudar é uma atitude, requer disposição e paciência, já que os retornos, principalmente financeiros, devem acontecer de seis meses até um ano.

Se já temos indicadores que novos modelos precisam ser estabelecidos, não faz sentido esperar por qualquer surpresa.


*Publicado, originalmente, na RH pra Você